Vesting – O que é e como funciona

Empreender é algo que faz parte do DNA brasileiro.

É possível tanto iniciar uma empresa sozinho, como se unir a outras pessoas que compartilham dos mesmo objetivos e sonhos de crescimento e sucesso.

Nesse segundo cenário, por vezes é realizada uma parceria de negócio denominada “sociedade”.

E, por isso, existem muitos modelos de sociedade empresarial como: limitada, simples, cooperativa e sociedade anônima.

Porém uma delas vem se destacando nos últimos tempos. E é sobre ela que vamos te falar hoje.

Entenda o que é Vesting e como funciona. Boa leitura.

Entendendo o que é Vesting

Com o crescimento da presença da internet no ambiente de negócios, várias formas de trabalho e parcerias sofreram modificações.

Dentre elas, uma nova forma de parceria de empreendimento surgiu: o Vesting.

Esse tipo de sociedade tem se tornando cada dia mais comum, pois está diretamente associada ao modelo de investimentos ligados às startups.

Startups é um termo utilizado para definir os novos modelos de empresas que têm surgido com foco em vendas altamente escaláveis.

Voltadas para estimular o desenvolvimento de novas ideias, as startups tanto podem oferecer produtos quanto serviços. Ou ainda ambas as coisas.

Acordo entre empresa e equipe de trabalho

As startups, por serem empresas potencialmente muito lucrativas, também possuem um elevado grau de risco.

Por esse motivo, um time motivado e comprometido pode ser o diferencial entre a ascensão e a queda de um negócio.

E é exatamente aí que entra o Vesting. Ele consiste em um acordo entre a empresa e seus colaboradores.

Na prática, os próprios funcionários poderão, com o passar do tempo, adquirir pequenos “pedaços” da companhia. Isso cria uma relação muito íntima entre equipe e empresa.

Como funciona o Vesting

Na prática, o Vesting ocorre por meio da prioridade de compra de parte das ações da empresa pelo corpo de membros.

Isso garante alguns benefícios, como valores menores do que as ações teriam após o lançamento da oferta em bolsas de valores.

Mas alguns detalhes devem ser destacados. Por exemplo, o fato de que há um período de carência antes que o funcionário possa de fato ter direito a se tornar “dono” da empresa.

Isso varia de acordo com o contrato ofertado por cada empresa.

Mas o normal é que esse direito passe a existir a partir de um ano. Em alguns casos são necessários até três anos de vínculo empregatício.

Isso ajuda, tanto a empresa quanto o colaborador, a definir se de fato aquele ambiente é bom e produtivo para ambos.

Uma vez que isso esteja claro e seja ponto passivo, pode ser exercido o direito de se tornar sócio, e ao mesmo tempo permanecer exercendo suas funções dentro da organização.

Principais vantagens do Vesting

O Vesting é uma forma muito interessante de manter a longevidade de um negócio.

Isso porque o principal objetivo de empresas, principalmente startups, ao adotar o Vesting, tem sido a atração e retenção de bons talentos.

Pois ao realizá-lo a empresa poderá usufruir de uma série de benefícios. Dentre os quais os principais são:

  • Atração de talentos para a empresa
  • Menos custos com salários
  • Formação de um espírito de propriedade por parte dos funcionários
  • Maior comprometimento com os resultados do negócio
  • Maior possibilidade de sucesso financeiro da empresa

Como a empresa acaba se tornando um pouco de todos, é interessante que ela prospere e cresça.

Isso cria uma maior fluidez nos processos de trabalho. Além de propiciar um melhor desempenho de trabalho de modo generalizado.

O lucro da empresa significa, literalmente, ganhos para todos.

Qual a diferença entre Vesting e PLR

PLR é a sigla para Participação dos Lucros e Resultados.

É algo bem comum no setor bancário, obrigatório na verdade. Mas que também é utilizado por empresas de outros segmentos.

Ele consiste em uma distribuição pré-fixada de um percentual dos lucros da empresa entre todos os colaboradores.

Os valores variam de acordo com o cargo ocupado. Normalmente é realizado uma vez por ano, sendo que em alguns casos é dividido em duas vezes.

A principal diferença está no fato que o PLR é limitado àquilo que foi pré-acordado normalmente entre a entidade de classe e a empresa.

Já o Vesting não possui essa limitação.

Tanto não há participação de sindicatos, como o principal limitador de participação do funcionário da empresa será ele mesmo.

Podendo comprar ações sempre que forem disponibilizadas, ou apenas quando julgar conveniente.

Ser funcionário e dono pode ser um ótimo negócio

Ao sentir que os resultados financeiros da organização também será o seu próprio, os funcionários tendem a se tornar mais engajados.

E isso é bom. Pois todos os lados saem ganhando.

A empresa crescerá, o empregado poderá ter seu patrimônio pessoal alavancado. Além disso, o consumidor também terá acesso a bons serviços e produtos em decorrência da empresa buscar melhores resultados constantemente.

E detalhe, simultaneamente o próprio funcionário poderá continuar crescendo dentro do próprio negócio.

Galgando posições, assumindo cargos de coordenação e obtendo salários e benefícios melhores.

É um cenário bem atrativo, e que pode fornecer resultados bem promissores.

Casos de sucesso de Vesting

Google

Apesar de ser mais recente no Brasil, o Vesting é praticado há anos nos EUA.

Principalmente na região do Vale do Silício, onde se encontra o maior polo de empresas de tecnologia do mundo, especializada em buscas e relacionada ao rastreamento SERP.

O Google sempre praticou o Vesting desde sua criação, em 1998.  Durante 6 anos os funcionários da empresa puderam comprar pequenos lotes de ações exclusivos que a empresa disponibilizava anualmente a um preço fixo.

Então, em 19 de agosto de 2004 a empresa realizou sua primeira oferta pública de ações na Nasdaq, a bolsa de valores americana focada em empresas de tecnologia.

Imediatamente as ações da empresa tiveram uma alta de quase 500% em pouco mais de 12 meses.

Isso fez com que o estacionamento de funcionários da empresa se tornasse praticamente um showroom de Ferraris, literalmente.

Em 2020, após 16 anos do lançamento no mercado, as ações já acumulavam uma alta de 3.500%.

E tudo indica que continuará subindo, mais e mais.

Localiza

Aqui no Brasil temos o caso bem sucedido de Vesting da Localiza.

A empresa sediada em Minas Gerais de locação e comercialização de veículos também cedeu uma parte de suas ações para os funcionários.

Isso um pouco antes de tornar sua oferta de ações públicas. Na época, os funcionários puderam comprar suas participações por menos que os 1,29 por ação que foi lançada no dia 27 de maio de 2005.

Pouco menos de um ano depois, em 05 de maio de 2006,as ações já valiam 5,50. Um aumento de 340%.

O que foi ótimo tanto para a empresa quanto para os funcionários.

Nubank

A startup brasileira foi a primeira empresa, de modo geral, a atuar de forma 100% remota.

Com conceito inovador de banco digital, a empresa atingiu em 2023 cerca de 69,08 milhões de clientes. Isso é uma grande base de trabalho. E para isso muitos funcionários passaram a fazer parte do corpo de trabalho da fintech.

No ano de 2020, a empresa considerou que todos os seus funcionários estariam aptos a comprar ações da empresa. Sendo que 85% deles o fizeram.

Isso representou um marco, visto que nunca nenhuma empresa havia disponibilizado essa opção para todos os funcionários.

Isso gerou, segundo um dos fundadores, David Vélez, “um índice de engajamento alto, de 82%, e uma rotatividade de pessoal baixíssima, de 5%.”.

O que comprova a eficiência do método de sociedade como meio de criar um maior vínculo entre funcionário e empresa

Conclusão

Dessa forma o Vesting vem se tornando uma prática cada vez mais usual entre as startups.

No Brasil, mesmo com exemplos bem anteriores, a prática vem se tornando mais comum nos últimos anos.

E isso ocorre não por que ela não era interessante, mas porque o número de empresas com ideias inovadoras vem crescendo exponencialmente a cada ano que passa.

Um time qualificado e focado em crescimento é o sonho de toda e qualquer empresa.

Por esse motivo o Vesting é uma alternativa interessante e comprovadamente eficiente.

Esperamos ter te ajudado a compreender melhor o que é Vesting e como ele funciona. Um modelo de sociedade que tem um alto nível de foco na integração empresa e equipe de trabalho.

Perguntas e Respostas

Existe algum período de tempo de teste para o funcionário?

Sim, ela é denominada “cláusula cliff”. É um período em que o colaborador permanece na empresa, mas ainda sem acesso ao direito de compra de ações. Normalmente o Cliff dura em média 3 anos.

O funcionário que faz parte de uma empresa que adota o Vesting é obrigado a comprar ações?

Não. No Vesting o funcionário não é obrigado a comprar as ações. É uma opção preferencial de aquisição que ele irá receber, antes do mercado. No caso é uma oportunidade

Qual a garantia que a empresa cumprirá a venda preferencial para os funcionários?

Todo o processo de Vesting é baseado em um contrato firmado entre a empresa e seus funcionários. Nos termos ficam estabelecidos prazos e condições para que o processo seja realizado da maneira mais transparente possível.

Quais tipos de empresas podem fazer uso do Vesting ?

Apesar de ser bem usual em startups e empresas de tecnologia, qualquer empresa pode fazer uso desse modelo de sociedade. Em se tratando de formatos de empresas que fazem o Vesting, as mais comuns são Sociedades Limitadas e Sociedades Anônimas.